MAR ABERTO (2021)
Nó de cunho
Neste barco colorido
naufragando pelo mar de ontem
O nó de cunho se arrebenta
logo que a corrente reverteu...
Ancorado sem um cais...
Nessas garrafas não sou mais eu....
Oh... não mesmo
Tempestades não vencidas
voltam sempre que o sol se esconde
Hoje os ventos são mais fortes
e o rumo nas ondas se perdeu...
À deriva em alto-mar,
mais um dia, anoiteceu
Oh… Marejo
Março e abril
Cai a noite,
desintegra,
viu-se em um sonho nu:
o que fazer?
Deixo tudo quanto posso,
no entanto eu peso mais:
o que restou?
Flores brotavam dos campos em que ele surgiu...
Nossos castelos ruíram em doses de brio
Tudo era pouco… Tarde demais para quem cedo desistiu
Tudo era pouco… Nada é demais para quem sempre resistiu
Bate a porta aberta não importa o que não presta... mas eu vou
Deixe o quarto aberto o sonho que ainda está por dentro… me atravessou
Sonhos sonhados em um campo de imenso vazio
nas águas de pranto, em corpos de março e abril
Tudo era pouco… Tarde demais para quem cedo desistiu
Tudo era pouco… Nada é demais para quem sempre resistiu
Vem… seguir promessas perdidas
Desenganamos a partida... deste lugar
Mar aberto
Dizem que a razão
deste meu voar é cair
Mas se eu tiver no chão
vou me levantar e seguir
e voltar pela saída
Se o vento não soprou
pra onde queremos ir
só o tempo quem diz
qual a hora de içar novas velas
e sair do lugar
Neste mar aberto
Horizonte certo
Vão nos iludir
nos desenganar e sorrir
logo de manhã
vão nos abraçar e fugir
mas disso eu já sabia…
Se o vento não soprou
pra onde devemos ir
só o tempo quem diz
qual a hora de içar novas velas
e sair do lugar
Vou estar por perto
este mar aberto
vamos navegar
A resposta
Você me diz o que me falta ter
agora é tarde
para uma resposta
Nunca abri as portas para ser
o que você quer que eu seja
mesmo com a sua beleza
Depois de atuar como tu me falou
eu sinto o efeito
pois não sou mais o mesmo
Porem agora você não me vê
dicas fincadas
desperdiçadas
Diário de bordo
Quase acreditei
Na história
que criei
pra fugir parado
Já é tarde...
Por onde andei?
Já é hora
de reconhecer
meu ponto fraco
E que talvez, morreu
O que restou sou eu
Em partidas e
Em riscos eu voltei
Pra fugir parado
Reformar desejos
Nesta senda irrelevante,
ao teu lado tão distante
do que vier
O despertar de um prisioneiro
cercado de um mundo inteiro
que não requer
Ser de um jeito
que já não posso mais
e mergulhar de peito
e se afogar na fé
Ressurgimos da tormenta,
abandonamos as trincheiras
de areia
Foram tantas as bandeiras
tantas cores traiçoeiras
nos fazem…
sentir o peso
que tudo isso faz
e reformar desejos
me deixar…
Fundo das águas
É impossível recomeçar
a mesma obra
O tempo que o tempo
reparou e construiu
Não vamos ter
pra destruir
O dono do mundo
não quer acreditar
Um segundo...
tudo pode desabar
e amanhecer
no fundo das águas
Bastaria um olhar
a sua volta
... mas sabemos
que querer
não é poder
E que enxergar
não é entender
Somos muitos,
mas teremos que aceitar
O futuro
nada passa de esperar
Amanhecer
no fundo das Águas
Projeto viabilizado por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Lei no 14.017/2020) no município de Brusque